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Os princípios básicos da metodologia deste projeto que subsidiará a intervenção técnica são estabelecidos numa perspectiva de gerar autonomia e encurtar caminhos para a construção do conhecimento local, o que facilita o processo de planejamento produtivo com bases mais sustentáveis. Para isso o conceito de pesquisa-ação é um orientador metodológico para a construção dos conhecimentos. Pesquisaação é um método científico de estudar os problemas da comunidade de forma participativa, a partir do conhecimento empírico popular destas famílias, com o objetivo de encontrar soluções subsidiadas cientificamente e adaptadas ao contexto sócio-cultural destas famílias, obtendo informações normalmente de difícil acesso, aumentando o conhecimento (Thiollent, 2002), com intencionalidade de transformação da realidade social do problema da pesquisa (Tripp, 2005). Utilizando-se da pesquisa-ação é possível estudar dinamicamente os problemas, decisões, ações, conflitos e tomadas de consciência, através da observação e avaliação dessas ações e também pela evidenciação dos obstáculos encontrados no caminho, gerando um ganho de informação e conhecimento (Thiollent, 2002). Conhecimento este descritivo e crítico acerca da situação, com todas as suas nuanças, a partir do saber popular, complementado com as explicações científicas, fazendo com que a voz do sujeito faça parte da tessitura da metodologia de investigação, organizada pelas situações relevantes e concretas que emergem do processo, sendo, portanto pedagógico (Franco, 2005). As possibilidades de se constituir agroecossistemas sustentáveis são ampliadas na medida em que as atividades de extensão juntamente com as de pesquisa se desenvolvam numa perspectiva participativa e emancipadora junto às famílias assentadas. Neste processo, é necessário que a comunidade, aproprie-se dos conteúdos e metodologias para que possam avaliar e monitorar seus agroecossistemas de forma simples e eficiente, conhecendo-os melhor, tornando assim mais fácil a tomada de decisão em relação ao manejo destes agroecossistemas. (Sarandón, 2002, Nicholls et al, 2004, Masera et al, 1999). Os processos participativos de pesquisa e de extensão, que possibilitam o diálogo entre os saberes tradicionais e acadêmicos, potencializam a interpretação do ambiente local e geram mais rapidamente conhecimentos necessários para a viabilidade econômica e social das famílias dessas comunidades. Para realizar as metas previstas pretendemos adotar a seguinte metodologia de trabalho: %u2022Formação e capacitação de multiplicadores dentro do assentamento As ações que buscam a capacitação de novos multiplicadores da apicultura dentro do assentamento serão desenvolvidas de forma a contribuir com a melhoria e estruturação dos assentados na questão técnica da apicultura, possibilitando através do conhecimento construído durante o projeto com as oficinas, visitas de intercâmbio, acompanhamentos técnicos e reuniões, com vistas a minimizar a distância entre técnico, assentados e universidade. %u2022Sistematização e elaboração de manuais técnicos e documentos orientadores Com a elaboração de manuais técnicos na forma de cartilhas, busca-se construir junto aos assentados a formação de um banco de dados, onde possam ser sistematizadas todas as práticas executadas ao longo do projeto, servindo como um material de apoio e como retorno que a experimentação acumula para dentro do MST, uma vez que ao se apropriar do que será feito no projeto, os assentados se colocam como sujeitos histórico-determinados, colaborando com a melhoria de sua própria realidade. %u2022Realização de visitas de intercâmbio Serão realizadas três vistas técnicas, duas ao Apiário Central da Universidade Federal de Viçosa e uma ao entreposto de produtos apícolas da região. As visitas a universidade têm o intuito de proporcionar aos assentados o conhecimento acerca do funcionamento de um apiário e das práticas executadas por este, podendo contribuir com a questão técnica, no contexto dos assentados. A visita ao entreposto de mel busca possibilitar que os assentados presenciem o processo da agroindústria dos produtos apícolas, como forma de trabalhar com diversos produtos em uma mesma atividade e obter melhores resultados. %u2022Criação de um calendário da flora apícola do assentamento A criação de um calendário da flora apícola do assentamento possibilitará aos assentados, identificar as espécies vegetais existentes na região através do conhecimento popular e identificar quais são as espécies produtoras de néctar, resinas e pólen, uma vez que esses três fatores são a matéria prima de quase todos os produtos das abelhas, aumentar a florada apícola dentro do assentamento através de boas práticas de manejo da flora apícola, perceber a importância da diversidade vegetal para a apicultura e demais atividades agrícolas e ecologicamente corretas, praticar o conhecimento da apicultura migratória devido à grande extensão do assentamento levando os enxames para áreas próximas a outras floradas. %u2022Envolvimento de um maior número de famílias Existe atualmente um grupo de seis famílias que trabalha com apicultura dentro do assentamento. É importante detectar e envolver outras famílias que se interessam pela atividade dentro do assentamento, através da divulgação de reuniões, oficinas e viagens técnicas entre os assentados com material de comunicação elaborado por eles mesmos e visitas às casas das famílias. %u2022Realização de oficinas temáticas com os assentados Realizar oficinas e mutirões temáticos junto aos assentados com dinâmicas que tenham por princípio práticas que priorizem a coletividade dentro do grupo, trabalhando temas transversais dentro dessas instalações pedagógicas de forma a dialogar com os diversos saberes e estimular a participação dos assentados dentro desse processo emancipatório. %u2022Aumentar o número de enxames dentro do assentamento Aumentar o número de enxames dentro do assentamento através da técnica de divisão de enxame e captura de enxames com material já existente na propriedade, uma vez que é importante que ocorra esse aumento de enxames devido à ocorrência de abandono de colônias, pelas abelhas, no assentamento. As divisões serão realizadas à partir dos enxames já existentes e as capturas serão realizadas através de montagem, distribuição e monitoramento de caixas-isca dentro do assentamento pelos próprios assentados e posteriormente será feita uma avaliação dos resultados obtidos. %u2022Realizar reuniões mensais com os assentados As reuniões serão realizadas mensalmente em um mesmo dia, com dinâmicas, espaços de discussão aberto, leituras, diagnóstico e avaliação, como por exemplo, avaliação do que foi produzido, se o trabalho está contribuindo para a elevação do nível de consciências dos assentados e dos demais envolvidos no projeto, se a apicultura está sendo importante para dentro do assentamento, planejar as atividades práticas do mês, ver as demandas do mês, diagnosticar os pontos fracos, sistematizar o que foi elaborado no mês e fazer uma reflexão de como a metodologia abordada está contribuindo no processo. |